Tuesday, October 31, 2006

carne viva

Estou em carne viva, com sangue a flor da pele, uma pele, que não existe esta se refazendo, como a cobra faz...
Pra cobra deve ser mais simples...Tem o veneno na ponta da língua, pra proteger...

Eu tenho as palavras, para me proteger...

E cuspo fogo, em sua alma, não somos como as cobras.
Nossa pele, é nossa alma...
E você também esta refazendo a sua...

Gostaria que você tivesse, sangue de barata ou mesmo veneno de cobra...

Wednesday, October 11, 2006

Ah, um pequeno registro...

Um corpo preenchido de palavras...
vazio de coisas, que ainda não sei nomear.
Estou aprendendo a verbalizar.
Aquilo que desconheço, engulo e rasgo o ventre abaixo.
Machuca ter palavras e não saber usar.
Abro um dicionário, de um corpo qualquer, e comparo...
Se dói no dele, se a palavra lhe engasga na guela ou entope seu ânus, também...

Eu estou indo muito bem, obrigada!
Já sei dizer, desculpe me ( bem baixinho, não gosto de registrar a culpa da desculpa, em meu pequeno dicionário).
Na verdade, sempre estou certa !!

E como estou aprendendo, me fodo...
Não existe certo ou errado!
Não existe culpa desculpada, existe dor e palavra fincada e gravada no corpo.

Tuesday, October 03, 2006

cemiterio das rosas judias

Ficava afastado da cidade, numa mata descuidada e pra entrar precisava abrir um portão de ferro todo rococó enferrujado...
e eu ia toda feliz com meu pai, judeu....
eu era loira e ele também...eu era pequena e ele não.
abrimos o portão, ocapim tava bem grande e quase me sufocava, alguns me pinicavam...
e logo vimos, o cemitério das rosas judias...
lá no meio do mato....
um canteiro circular, com rosas selvagens e judias...
me deu vontade de fazer xixi, meu pai nos levou pro banheiro, nos levou...apareceu um irmão, também judeu e ruivo...
e não era grande como meu pai e nem pequeno como eu...e o capim penicava ele também...
o banheiro era velho e largado, como tudo naquele lugar...me escondi atrás da porta de um dos banheiros...
logo, a mão grande do meu pai judeu me achou...
me pegou no colo...
e me levou embora....
do cemitério das rosas judias...
enquanto, meu irmão fechava o portão, meu pai e eu olhavámos, as rosas selvagens...

Monday, October 02, 2006

se eu estivessse naquele momento ali....
não seria nada diferente.
o sol não nasceria de frente, nem aquela velha com dentes...
mas teria um quê de não sei o quê...
que seria diferente...