Friday, January 27, 2006

Canibalas


Talvez feminino.
De uma mulher
ou duas.
Sobre suas relações, dessas mulheres.
Ou a relação de uma mulher nas três fases.
Fases é bem feminino .
Menina criança, Moça mulher, Senhora mulher.
O que te atormenta,
e o que te ilude.
Será que se ilude com algo?
Claro que se ilude.
Na verdade ilude os outros,
A ilusão é sua expressão.
Será??????
Volto no iludir, do latim illudere, divertir-se com, zombar, lesar.
Dissimular a dor, fingir um gosto amargo.
Fingir do lat. fingire, modelar em barro, representar, imaginar.
Volto nas fases.

Que fase é essa?

de criança inventiva.

Quando menina, perdia horas saltitando como uma bailarina sobre as covas,

Sobre do latim super.

Sempre teve o domínio das coisas,ou, é melhor acretidar nisso.

Mas, imagine se eu estivesse dançando, e de alguma tumba, levantasse um fantasma??

Fugir não adianta...

Então, a menina resolve dançar e assim passa horas e horas dançando.

Fantasma do grego phantasma, visão, pelo.
Imagem fantasiosa e ilusória que infunde terror;
Um produto da imaginação consciente ou inconsciente, uma visão.

Um instrumento de óptica para vida.

Os fantasmas aumentam com a idade.

Ela tem total controle da situação, eles estavam mortos.

Ela e sua Imagem.
imagem do latim imago, imaginis.

Quantas vezes não teria invertido a ordem das coisas...

dasantigas






Nem dia nem noite nem garoa fina molham a neblina de um beco escuro…Mas as circustâncias sim…
Tratam a dor como se tratasse qualquer uma que passe…

PASSADINHA

Do trajeto de volta para casa, pés e canelas sem olhos, pulsam como um corpo, encoxados dentro da condução.
O calor da poltrona, esquenta a coxa suada, que hipnotiza o homem de mãos ousadas.
Como se despertasse do transe, o homem, sentiu sua face corar vendo que suas mãos já não cabiam num bolso.
Em meio de pernas, bundas e cotovelos é jogado num ponto qualquer.
Nem homem cuspido, carteira batida e brecada de ônibus desfaz o nó de gente.
Ponto final e pronto…como camelôs sua joanetes gritavam…”no meio do caminho longe de sua casa, tem um trilho de trem.”

NO CÉU…
Nunca imaginaria que o remédio de seus problemas não viria dos céus.
Como boa carlota, mantinha o olhar rente ao senhor e seguia seu doloroso caminho junto a pesada cruz que a acompanha.
E no passo arrastado vai porta aberta e dona Lorida que sai…e vai carta pisada e dona Lorida que vai…
Pó de arroz de lábios enrugados de batom, vestida de cheiro de lavanda de armário com nafatalina…e lá vai dona Lorida…
Nem olho de gato furado e mulher de barriga vazia, amolecem a casca da fé de dona Lorida.
De encontro com Deus iria…atravessa a avenida…e de cara e braços abertos ao Senhor… No céu, no céu com minha mãe estarei..
O Senhor de placa STWAF4567, usa e abusa de sua serva, levanta sua saia e pica-lhe uma rasteira…e pimba na dona Lorida.

SELMA

Como era linda, a marca que carregava em seu olho esquerdo…
Talvez de roxo para amareloesverdeado acabaria se perdendo.
Se não fosse minha gentileza, em abrir a porta do elevador. E num esbarrão…seu nome…Selma, seu nome era Selma…
O pacote no chão e a sua palidez agora rubra, fitaram meus olhos.
Desse encontro de corpos em diante, sempre que escuto o gordo do seu marido a gritar…Selma!!!…
Me lembro de seu olhar e sinto meu estômago esquentar.Com os punhos cerrados, a vontade de socar- lhe o olho direito.
O que seria daquela mulher???
Mataria aquela dor ou assaltaria um frigorífico? O apetite do gordo seria seu álibe perfeito…
O grito da panela apita de pressão e a tinta vermelha de sangue no avental de carne, abalam a rotina culinária de Selma.Com o vapor frio de suor escorrendo pelo rosto…“Não passa de um mero jantar, Selma…”
A mão trêmula quebra o ovo e a cebola, arranca lágrimas de seus olhos secos…o menu da noite “lágrimas e ovos quebrados”…
Selma olha para sala e vê o músculo de coxao mole deitado no sofa…O que faço com sua glutonice de ema, que digere até pedra???
…“Não passa de um mero jantar, Selma…”
Os bonequinhos cerzidos pelo desejo letal e as batidas do coração de Selma, substituem a reza que antecede a ceia…

Canibalas


MENINA DE PEQUENA,
VIU SUA IMAGEM REFLETIDA E DIVIDA NO FREEZER,
DO BAR INÓSPITO.
ACHOU A SOLUÇÃO PARA SUA SOLIDÃO,
FICAVA HORAS OBSERVANDO AQUELA IMAGEM.
PARADA PETRIFICADA.

AGORA ELA PENSA QUE É DUAS.
NA VERDADE, SÃO UMA.
QUANDO VISTAS SÃO DUAS.
O PENSAMENTO DE UMA, DIVIDO EM DUAS.

BAR WOMAN DE ESTRADA DESERTA, QUE NÃO PARA NEM MOSCA.
QUANDO PARA, COMIDA VIRA.

DUAS BAR WOMEN, DE BEIRA DE ESTRADA, VESTIDAS NO ESTILO RETRÔ, DANÇAM, PASSOS AFRICANOS, AO SOM DE TOM WAITS.